COMO ATUAM OS SINDICATOS

Diante da atual situação do TJ Ba, urgem reflexões, mobilizações e atitudes. Somos 11 mil trabalhadores que cumprem suas obrigações diariamente, debaixo de diversas cobranças, muitas vezes contribuindo mais do que deve, emprestando seus conhecimentos e habilidades sem receber sequer um agradecimento por isso.

Pra nossa luta ter êxito, precisamos ter o senso crítico aguçado, devendo até nos antecipar na busca de soluções e manter o espírito aguerrido, diante das investidas do TJ em nos imputar culpas, sempre tentando usurpar o pouco que temos.

Somos representados por dois sindicatos: o SINPOJUD e o SINTAJ. São eles que são chamados para as rodadas de negociações, para falar em nome de todos nós. Esperamos que os mesmos nos defendam, com unhas e dentes, demonstrem nossas ansiedades e dificuldades, exponham nossas necessidades e assim busquem garantir uma vida digna para a categoria. É uma responsabilidade e tanto! Pra isso é preciso ter aqueles atributos que citamos e também bastante inteligência pra saber exigir, ceder, negociar, endurecer e etc. É saber se movimentar, como num jogo de xadrez, onde as ações devem ser muito bem pensadas e o jogador deve ter plena consciência do seu espaço.

Mas será que nós estamos jogando o mesmo jogo dos sindicatos? Tantas denúncias têm aparecido que além de decepcionados, ficamos estarrecidos. Hoje estamos conscientes do legado que as más gestões nos deixaram. E o tempo passa e nós continuamos pagando a conta!

Por exemplo, agora estamos correndo o risco de não receber o repasse do PCS em julho. Dizem que o TJ não tem dinheiro. Vem cá, ninguém sabia disso? Ninguém sabia que a bomba iria estourar? Como que pode algumas pessoas demonstrar tanta surpresa?

Outro exemplo: já sabemos que a concessão dos Adicionais de Função não obedeceu a nenhum dos princípios constitucionais, portanto são irregulares e malignos à folha de pagamento do Tribunal. E como pode ter sindicalistas que recebem? Essas pessoas nunca fizeram uma avaliação, principalmente ética, de que estavam se beneficiando em detrimento de toda a categoria? Quais os critérios foram utilizados para a concessão desses adicionais? Acham justo que imperasse o esquema da “farinha pouca, meu pirão primeiro”? Ou acham que são melhores do que outros, que trabalham mais que os outros e por isso merecem? E mais, não estão afastados para atividade sindical? Não recebem seus salários, mesmo afastados de suas atividades e, além disso, recebem também uma ajuda de custo do sindicato? Como justificar o adicional?

Nos preocupa o que essas pessoas pensam, o que estão fazendo lá e o que estão falando em nome de todos nós. Temos muitas perguntas sem respostas, que colocam em xeque a atuação dos sindicatos. Queremos saber, temos o direito e quem está na posição que eles estão não devem temer explicações.

Muita coisa nos traz muitas dúvidas. Vejamos, por exemplo, trechos de uma notícia publicada no site do SINPOJUD sobre a reunião do Conselho de Delegados Sindicais, que ocorreu na última sexta-feira dia 16/04.

“Reunião do Conselho de Representantes dos Delegados mostra coesão e unicidade.

Reunião do Conselho de Representantes dos Delegados Sindicais do SINPOJUD ratifica compartilhamento de responsabilidades e vai fazer trabalho mais conciso em sua comarca, mostrando coesão e unicidade da categoria. O encontro aconteceu no dia 16 de abril, sexta-feira. A Assembléia Geral Extraordinária marcada para terça-feira, 20 de abril, no auditório do Tribunal de Justiça, a partir de 9 horas da manhã, foi aclamada com paralisação de 24 horas.

Com o auditório repleto, a maioria dos delegados regionais estava presente, ficou decidido que na terça-feira, na Assembléia, haverá [sic] novos debates e decisões deverão ser tomadas diante das medidas sugeridas pelo Conselho Nacional de Justiça ao tribunal de Justiça do Estado da Bahia, que visam tão-somente a desoneração da folha de pagamento dos servidores do Judiciário.”

Ok. Promover debates é o que queremos, mas olhem a foto abaixo. Porque os delegados sindicais foram recepcionados com uma cópia do tal “ALERTA MÁXIMO”? Fica a impressão de que primeiro trataram de causar um impacto, que os delegados foram assombrados, com pitadinhas de falácias, pra depois ser sugerido o “debate”. As pessoas saíram de lá atônitas!

No tal boletim “alerta máximo”, há a seguinte afirmação e crítica:

“A Presidente do Tribunal de Justiça disse que ainda vai estudar essas medidas e que elas seriam informadas ao CNJ no próximo dia 22. A presidente só deu garantia de que não haverá demissão de servidores neste primeiro quadrimestre.

Ora, o primeiro quadrimestre termina no próximo dia 30, daí o “ALERTA MÁXIMO” dos sindicatos, até mesmo porque a Presidente do TJ em nenhum momento vem envolvendo os sindicatos nas discussões acerca de medidas desoneratórias da folha de pagamento.”

Porém, na nota sobre o Conselho de representantes sindicais, há a seguinte afirmação e afago:

“O Conselho de Representantes passa a informação a toda a categoria que o momento é de extrema cautela. Já é sabido que o TJBA está sob a ingerência do CNJ e que as medidas sugeridas estão sendo diluídas pela própria desembargadora, presidente do TJ que tem procurado de todas as formas enxergar o lado dos servidores. Também é notório que os deputados da Assembléia Legislativa estão de braços dados aos [sic] servidores do Judiciário em audiências públicas e encontros programados com a diretoria executiva do SINPOJUD, tendo à frente a liderança de Zezé. Eles dão a garantia que nenhum projeto que afete a categoria será votado sem antes ouvir os trabalhadores.”

O que é isso? Desse jeito fica difícil... Ainda bem que esses textos estão no sítio do sindicato, para não dizerem que nós inventamos!

A presidente do TJ está do nosso lado? Os deputados estão nos ouvindo, em audiências públicas (no plural!) e ainda garantindo que estão do nosso lado? Estamos começando a acreditar que nem os sindicatos estão!

Vejam o vídeo, que também está no sítio do sindicato, da Srª Maria José, presidente do SINPOJUD, falando sobre a audiência pública e o que ela pensa sobre os projetos de lei que estão na Assembléia Legislativa da Bahia.

Chama a atenção o nível da análise crítica, quanta consciência tem nesse discurso... Quanta demagogia! 

Uma pessoa que analisa o nosso momento atual dessa forma é quem está falando por nós?

Precisamos mesmo de muitas assembléias e muitos debates porque, ao que parece, os sindicatos não estão falando a mesma língua dos servidores.

Falamos dos dois sindicatos por que, colegas que estavam na audiência, afirmaram que lá a presidente do SINTAJ pouco se manifestou contra afirmações desse tipo. E eles também publicaram o tal “alerta máximo”. O que foi dito lá não reflete o que a maioria pensa e quer!

Além do mais, há algo que sempre chama muita atenção: o quanto se promove a presidente do nosso SINPOJUD... Ela está à frente de tudo, sempre. Tudo tem o seu nome, a sua marca. Comanda tanto que merece o destaque. Confiram o nome do auditório do sindicato na foto abaixo:

Há um nítido descompasso entre os sindicatos e entre estes e a categoria. É necessário clareza nas informações prestadas, transparência nas ações desenvolvidas. Não basta simplesmente levar meia dúzia de servidores para audiências em Brasília! Também não é garantia que o Conselho de Representantes tenha a clareza para avaliar em tão pouco tempo o caos institucional em que o TJ está mergulhado. Muitos delegados foram eleitos no último pleito, estão chegando agora. As informações de que dispõem são suficientes para uma análise acurada? São tantos embates em andamento que é imperiosa uma informação clara sobre todos os pontos, para os delegados e para a categoria como um todo.

O SINPOJUD e o SINTAJ precisam mostrar pra que existem. Os servidores precisam deles, assim como os sindicatos precisam de sua base. Sem a base, nenhum sindicato pode ser vitorioso. Urge estabelecer sintonia entre as nossas diretorias sindicais e os anseios dos servidores, já que são eles que estão a nos representar. Não sendo assim, o prejuízo será de todos, servidores e sindicatos.