quarta-feira, 2 de junho de 2010

Têmis, o que temes, em tempos de tamanho destemor?



Diálogos com Têmis


Denival Francisco da Silva *


Têmis, o que temes, em tempos de tamanho destemor?


- Temo a arrogância que aporta o coração dos que ascendem ao poder.

- Temo a perda da virtude, como a cupidez de estribilho.

- Temo o falso encanto, pura ilusão que entorpece corações vazios.

- Temo o engodo, quimeras a abrasar o espírito desprovido.

- Temo a epopéia de discursos inflamados com seus sons distorcidos.

- Temo a fraqueza dos fracos e a valentia dos fortes a sucumbi-los.

- Temo a algazarra da fama, lantejoulas que se apagam a falta de luz.

- Temo a ausência de contrapesos nos pratos da balança que sustento.

- Temo o afoito, o incauto, o antiético, o desleal, e o de coração duro.

- Temo a ignorância daqueles que podiam, mas não querem dela se livrar.

- Temo o silencia e quem em muito a dizer, mas não tem como soltar a voz.

- Temo a miséria que é desvelada aos olhos dos homens, mas encoberta aos seus sentimentos.

- Temo a alegria de quem se ilude com pouco, porque vive do nada que se tem.

- Temo a avareza e o desperdício, e tudo que se poderia melhor aproveitar.

- Temo a mim, de olhos por outros vendados e que a muito quero enxergar.


* Juiz de Direito em Goiânia (GO) e autor do livro Poemas iniciais em forma de Contestação. Editora Kelps. (http://www.kelps.com.br/)


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