TJ-BA EM PLENO INFERNO ASTRAL
Samuel Celestino
O Tribunal de Justiça da Bahia está mergulhado numa crise que, pelo menos no que a mim diz respeito, não tenho memória de situação semelhante.
O Judiciário entra no sexto mês em estado de letargia total. Começou no mês de dezembro do ano passado, com o recesso natalino, invadiu janeiro, com as férias do Judiciário, continuando em fevereiro marcado pela posse da nova gestão comandada pela presidente Telma Britto, que encontra imensas dificuldades. A mais recente estocada atingiu também a Assembleia Legislativa e o Executivo, emasculando a legislação estadual, com o fim do adicional de função dos funcionários pelo Conselho Nacional de Justiça, CNJ. O adicional foi aprovado há mais de uma década e meia pela AL e sancionada pelo governador do Estado. Sem o adicional, quem aceitará cargos de responsabilidade e de diretoria no TJ para receber vencimentos abaixo de R$ 4 mil? Volto a esta questão no final desta análise.
Sem projetos de ação na área da administração do tribunal, as medidas tomadas para cortar despesas pela gestão, de sorte a conter a explosão do limite prudencial, geraram tamanho mal-estar entre o funcionalismo que deixou todo o poder atônito.
Enquanto isso, o TJ-BA, ainda sem que a Assembleia Legislativa votasse o projeto de lei para a extinção de direito do Ipraj, conforme aconselhou o CNJ, decidiu extingui-lo na prática.
O ato, por si só, inclusive com a proibição da simples citação do nome Ipraj, criou uma situação interna convulsionada.
Seguiram-se um decreto polêmico e medidas duras da presidência do tribunal na área de pessoal.
O que já era do conhecimento, talvez com exceção para o comando do poder, se registrou: o Legislativo votou o projeto de extinção do Ipraj, que ainda não foi sancionado.
Assim posto, a autarquia continua existindo de direito (de fato, como aludido, já foi extinto).
Ao votar o tal projeto, uma emenda de última hora determinou o óbvio: a arrecadação do Poder Judiciário, conforme a Constituição do Estado, passará à competência do Executivo.
O TJ-BA havia perdido, sem saber, a sua soberania financeira depois de lutar (em 2002) e conseguir, a soberania política, desvinculando-se do poder político (carlismo).
A Constituição determina que só quem tem competência para arrecadar é o Executivo ou uma autarquia esta, aliás, foi a razão da criação do Ipraj nos anos 80 pelo desembargador, então presidente, Jorge Filgueira.
Os deputados agora são pressionados a encontrar uma solução para o impasse da arrecadação das custas judiciais e outras receitas do Poder Judiciário.
Enquanto isso, convém lembrar, a letargia permanece na Justiça baiana, com a paralisação total, ou quase total.
Projetos do Judiciário tramitavam ainda na Assembleia quando deixaram vazar, publicados por A TARDE, supostos supersalários dos funcionários. Negados com imenso atraso, pela desembargadora presidente, ao lembrar da existência – por todos conhecida – do teto de R$ 22 mil para os salários do funcionalismo público, a partir do qual qualquer centavo (presume-se) é estornado.
Diante da confusão instalada, o Judiciário, que já estava de fato paralisado, passou a enfrentar os sindicatos da categoria.
Eles articularam, então, uma greve por período indeterminado. Assim continua, esperando-se uma solução para a próxima assembleia geral da categoria. Que pode acontecer, ou não.
À semelhança do que se registrou em relação aos funcionários, e como eu, em outra mídia, já havia alertado, vazaram, também, contracheques dos desembargadores gerando uma bruta confusão no tribunal e um pânico que se alastrou pelos gabinetes.
Este jornal publicou, no domingo último, que os desembargadores, com acúmulo de vantagens obtidas, receberam remuneração que beirou, no mês de abril, algo em torno de R$ 90mil. Foi um susto. A presidente do poder explicou acúmulos como legais (assim como os salários dos funcionários). Os vencimentos da magistratura eram, e continuam sendo, uma incógnita. Mas, seguramente, não podem e não são, de fato, aqueles do mês de abril. Imagina-se que seja o teto estabelecido pelo Congresso Nacional para os funcionários públicos.
Nesse meio-termo, o desembargador Antônio Pessoa, em entrevista ao jornal e a mim também concedida na rádio, mostrou a realidade: com férias (duas), recessos, licenças, sem se falar em congressos, licença-saúde, viagens, um magistrado deixa de trabalhar em torno de 99 dias por ano, enquanto os processos, segundo ele, ficam paralisados, no mínimo, 120 dias por ano. Explica-se, assim e em parte, a lentidão do poder, reclamada pela população de maneira geral, a partir da exposição pública do Poder Judiciário brasileiro (não somente o baiano). E, ainda, pelo CNJ, presença constante na Bahia, em auditorias repetidas, o que, até, sem ironia, valeria (diminuiriam as despesas) instalar um escritório na Bahia. Talvez dentro do próprio TJ-BA.
Agora surge um novo e pesado confronto que atinge diretamente o Legislativo baiano e o Executivo. Deveria merecer pronunciamentos do presidente da AL, deputado Marcelo Nilo, e do governador Jaques Wagner. Esta é a questão: o CNJ pediu, em liminar, o fim do adicional de função dos funcionários do Poder. Publicou no sábado, ao que consta, o pedido de liminar, e de forma relâmpago, ontem a aprovou. Só que este adicional é respaldado por lei estadual e só pode, em tese, ser extinto por decisão do Poder Legislativo. O assunto passa, portanto, queira-se ou não, pelo Executivo estadual, além e principalmente pela Assembleia Legislativa. Mesmo com a aprovação da tal liminar relâmpago.
Novamente o Legislativo estadual é ferido nos poderes a ele inerentes, e o Executivo, como citei, por ter sancionado a lei aprovada. Há, no caso, flagrante intromissão de um poder no outro, via CNJ, que deve, ou deveria, merecer, ainda, pronunciamento oficial da presidente Telma Britto, ou não, já que a Inês é morta. A pergunta que se faz é a seguinte, além da invasão dos poderes: como o TJ-BA vai nomear diretores com responsabilidades maiores pagando salários em torno (para menos) de R$ 4 mil? Quem aceitará os cargos? Quem está disposto a cumprir missões de responsabilidade com tais vencimentos? A função do adicional era a de, justamente, respaldar, com remuneração condigna, atividades de elevada responsabilidade do Judiciário. O que dirão os chefes dos três poderes baianos? O Estado virou o quê? Há ou haveria desrespeito federativo com tais medidas? Como atropelar uma legislação estadual? Enfim, o Judiciário baiano atravessa momentos críticos, se não tristes.
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Mais uma vez:
Verbo emascular:
1. Tirar o caráter varonil; castrar
1. Tirar o caráter varonil; castrar
2. Mutilar; enfraquecer a inteligência
Está posto aqui para que todos tirem suas conclusões. Quem castra? Quem mutila? O que enfraquece a inteligência?
Foi longe o jornalista hein?...
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Ilmo. Sr. Samuel Celestino (Samuca) V.Exa., não sente vergonha de ser honesto?? (Lembra Ruy Barbosa)
ResponderExcluirCreio que V.Sa., falta um pouco com o bom senso. Já dizia o filósofo que o "Homem está em constante queda" e é verdade o que acontece num artigo do CNJ/TJ/Servidores.
Há a ingerência do CNJ?? "A memória apaga-se ao mesmo tempo que o real” (Baudrillard) - O que o Estado/TJ fazem? O que os políticos fazem??
É preciso compreender esses mecanismos de des-realização da Bahia/Justiça e se apropriar das mesmas armas utilizadas por “eles” para inventar novas lutas. Assim, que a greve não sirvam apenas para trazer a dor da
realidade objetiva impotente dos FUNCIONÁRIOS, mas para fazer percebidas as sombras do
totalitarismo dos desembargadores tão transparente.
V.Sa., sabe como anda a JUSTIÇA BAIANA? Sabe dos motivos da greve???
* Imagine um Juiz tomando conta de 5 comarcas.
* Imagine quem recebe R$ 1.500,00, R$ 2.000,00 cortar 370,00.
* Imagine que o TJ compra sofás para juízes que nunca sentam.
Quem faz a justiça andar SÃO OS FUNCIONÁRIOS.
Quem realiza as compras são as unidades gestoras.
O único trabalho dos grandes do TJ são: Pegar o dinheiro e gastar, viagens, gasolina, seguranças...
O servidor não pode ser penalizado por desgovernos de políticos e Desembargadores.
O CNJ acertou PELA MORALIDADE. Sabe V.Sa., o que significa isso na CONSTITUIÇÃO FEDERAL?????
Sugestão.: FIQUE DO LADO DOS SERVIDORES, nós fazemos a Justiça andar.
Saia do ar-condicionado e vá nas comarcas, nos cartórios.
Procure saber sobre a MORALIDADE na Constituição Federal.
V.Exa., não sente vergonha de ser honesto???
Essa matéria foi missa encomendada. Mas, só nós é que devemos aceitar baixos salários para tamanha responsabilidade na direção dos Cartórios? E a responsabilidade de arrecadar para dar sustentabilidade ao TJ, administrar, zelar pelo bem público, guardar os documentos e processos lavrados e julgados, cumprir a lei, fiscalizar o pagamento de impostos e taxas; responder civil, penal e administrativamente pelo atos praticados, inclusive, pasmem, aqueles paticados por funcionários da unidade?
ResponderExcluirEsse Sr., pessimo blogueiro, não pode ser chamado de jornalista, sequer de colunista. Não é lido por ninguem, ninguem o conhece. Qta besteira afirmada, que atestado de parcialidade (parentes interessados), que falta de respeito c/ a sociedade. só na Bahia mesmo...
ResponderExcluirPorque este cidadão está tão irresignado com o CNJ??? Porque este senhor quanto comenta em seu site e no A Tarde sempre sai em defesa dos apaniguados? Isso me cheira a interesses pessoais!!!
ResponderExcluirÉ...
ResponderExcluirSe meu marido fosse APADRINHADO e diminuíssem a remuneração dele eu também ficaraia brava! rsrs
Confesso que não entendo ver vocês, servidores do Poder, atirarem no próprio pé. Se existe lei estadual dando coberturas aos adicionais, também existe lei para a tabela de salários de vocês. E se amanhã alguém, tipo CNJ, resolve que a tabela deve ser outra, com menores valores, vocês vão considerar isso uma moralização aceitável ???? Pensa gente, a mudança tem que ser sempre pautada na máxima que estamos num estado de direito !
ResponderExcluirO tipo do jornalista que mancha o diploma. Ou ele tem alguém que recebe adicional lá no TJ ou é completamente desatualizado. Como tem a ousadia de defender uma lei inconstitucional e métodos discricionários de flagrante favorecimento ilícito? Vamos encher a caixa de e-mails dele. Deve ter responsabilidade, pois é formador de opinião. E dessa forma está agindo com engodo e manipulação em prol de sabe lá qual interesse.
ResponderExcluirÉ lamentável ver tanta hipocrisia em um só texto.Só quem tem a responabilidade de assumir cartório, sabe o que isso significa. Quanto ao infeliz que escreveu o texto, já deixa bem claro no inicio que ele é apenas "indio", afinal mim é dose, rsrsrs.
ResponderExcluirE ao comentário acima, não estamos atirando no próprio pé, apenas queremos ter orgulho de ser servidor, desempenhar função com respeito, zelo, dignidade, coisas que no TJBA não existe, ao menos por enquanto. E se vc não sabe lei Federal derroga Estadual. Vamos estudar!!!!!!!!!!!!!!!.
Lamentável no artigo de Samuel Celestino é o desconhecimento que demonstra quanto à tramitação processual do pedido de providências no CNJ.
ResponderExcluirFalar em liminar pedida pelo próprio CNJ? e concedida às pressas sem ouvir manifestação da presidência do TJ, achar que o corte dos adicionais de função irão desmantelar o TJ, dizer que míseros R$4.000,00(quatro mil reais) não podem ser remuneração justa para os servidores lotados no TJ, são questões que colocam em dúvida a seriedade que se espera do um senhor que é bacharel em direito, é jornalista e o mais desolador, é o eterno presidente da Associação Baiana de Imprensa - ABI.
Ademais, a ABI é uma entidade que deveria acompanhar com responsabilidade os desdobramentos de uma crise no TJ provocada por imorais distorções remuneratórias que criaram pequenas castas de nababos, em detrimento da maioria dos servidores do TJ que percebem salários que sequer beiram os chamados míseros R$4.000,00(quatro mil reais)conforme entendimento do Sr.Samuel Celestino.
E pensar que a Associação Brasileira de Imprensa já aderiu a diversas campanhas de moralização neste país, só nos resta lamentar o comportamento equivocado do presidente da seccional baiana desta entidade.
Então porque não entramos em contato
ResponderExcluircom a representação nacional da Associação Brasileira de imprensa?
Façamos um dossiê de todos os acontecimentos...desde a descoberta dos supesalários até hoje!